quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Erro de Sintaxe: Episódio 1 - Despertar

Morava ele sozinho, em um grande apartamento, no penúltimo andar de um prédio de alto padrão. A maior parte do espaço era empoeirado, pois só cuidava daquilo que era estritamente necessário: o banheiro, uma poltrona perto da sacada, a mesa, a cama e os móveis da cozinha. Vivia uma rotina simples e tediosa, ia ao trabalho de manhã, voltava no fim da tarde. Durante a semana, a noite variava com uma corrida em um parque próximo, alguma compra em um supermercado, um filme na televisão, vez ou outra um livro.

Estava assim há anos. Experimentava uma mistura de aborrecimento e espera. Esperava algo, que não sabia exatamente descrever, acontecesse. Um sonho que perturbava-lhe de vez em quando, quase sem imagens, mas uma sensação boa.

... raios relâmpagos, muito muito claro. Branco infinito... estrondos azuis e velocidade, muito muito rápido.
Manchas verdes em minha camisa branca... crescendo... como líquido esparramando... camisa confortável e cara, botões cinzas e mangas cumpridas, e.... verdes! Espinhos por debaixo do tecido... seda à perigo... ... ... Grama!!!

Subiu dos pés, repentinamente, o gramado extenso. Camisa suja de terra e grama. Pá na mão.
Acabara de plantar a última mudinha de sua horta. Regador caído, água escorrendo. No fundo avistava uma casa de tijolinhos bem ajeitada. Pinheiros crescendo, nuvens passando em fast forward, sol estático e sempre brilhante, verão constante.

Anoitece repentinamente. Fica escuro, e mais escuro. Cegueira completa... surdez progressiva.

Silêncio.

Silêncio.

Silêncio.

Carro distante.

Carros distantes.

Trânsito debaixo de meus pés. Buzinas e faróis de Xenon.

Ao ser lançado da calçada para 21 andares acima, se achou acordando, com um livro no colo, quase deitado na poltrona perto da sacada. Era uma noite quente, mas entrava um gelado vento, que balançava a cortina semitransparente de seda na porta de vidro em frente. As luzes estavam apagadas, então deveria ter caído no sono antes do sol ter-se posto...

A lua dava uma poética silhueta de poltrona e homem ao chão de madeira...

continua...

domingo, 1 de agosto de 2010

Erro de Sintaxe: Epílogo



... ouça com atenção ...

a calma música do silêncio ... e popule sua mente com o que vou te sugerir ...

...

Um homem respira sobre a beira de um penhasco, um precipício infinito, coberto por uma névoa negra.
Sua gravata e cabelo esvoaçam com o vento gelado e úmido que sobe e desce.
Lambe teu corpo o hálito do inferno, excita os nervos à coragem do último passo e, dificultosamente, ele abre os olhos que se encontram mirados num ponto fixo da escuridão da morte:

Quantas vezes essas sombras pairaram sobre esta vida estreita?
Limitavam-me e tanto me preocupavam...
Agora não há mais angústias, mais sombras
Aqui termina o legado do sofrimento.
E está em minha mão o gatilho da inexistência.
Larguei para trás as responsabilidades e gozei da flor simples as cicatrizes.


Para trás: enquanto seca o rastro de sangue deixado no caminho, o vento sopra e grita.
Dançando no ar estão os papéis uma hora importantes, da mala fora da estrada

que em algum ponto, antes de chegar aqui, larguei.
Que a luz dos raios deste céu tempestuoso ilumine tudo!
Enterre, sentimento supremo, enterre bem fundo minha imagem!
O horizonte é infinito como esta escuridão, tudo é infinito para todos os ângulos,
sempre estou em qualquer lugar, sempre estou perdido! Não existe centro
quando se trata de infinito, não existe canto e não fazem diferença dimensões,
Sou sempre negro como o nada e estreito como a vida.


Quando se trata de infinito, o começo e o fim são equivalentes...
Quando se trata de infinito, não há tempo perdido, nem espaço conquistado,
E agora estou a um passo de desaparecer e me tornar infinito,
Unir o nunca com o sempre e deixar de ser, deixar de estar,
Deixar para trás o que ficou, para se perder no interminável passado.


Minha vida não é a estrada que caminhei para chegar até aqui,
E sim a parte de baixo do meu sapato que há do lado de lá desta beira.

...E ele apenas mudou o apoio de seu corpo e deixou-se levar pela Natureza.



continua...

domingo, 20 de junho de 2010

Invictus

Willian Ernest Henley, poeta inglês do século dezenove, acomedido de tuberculose, aos 25 anos de idade, teve de ter a perna direita amputada para manter-se vivo. Na cama do hospital escreveu seu poema mais famoso, Invictus:

Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.


In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.


Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.


It matters not how strait the gait,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

Não trago aqui, por Henley, a resposta para se ter a alma inconquistada. Mas um resultado: ser mestre do próprio destino. Ultimamente não ando conseguindo trazer muitas respostas, mas estou muito certo das perguntas a que quero responder, e Henley é mais um que sabe alguma coisa e ainda não me contou...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Time Management II

Continuando o texto do post anterior...
Entramos na seguinte questão agora: como mudar? Como aprender a nos gerenciar?

A mudança!...não é fácil....

Existe algo que precisamos saber sobre nós mesmos: nós somos criaturas de hábito. 99% dos pensamentos e emoções e até mesmo movimentos que tivemos hoje são iguais aos de ontem. Mesmo quando lemos algo novo, depois de um tempo já voltamos a fazer o que sempre fizemos. Por isso não é possível ter a habilidade de observar o ego o tempo todo, pois sempre estaremos em piloto automático algumas partes do dia, uma vez que somos criaturas de hábito. Inclusive é curioso observar que quando reencontramos amigos que não vemos há muito tempo vemos que algumas atitudes suas mudaram, mas toda a essência e comportamentos são iguais! É como se você ainda tivesse contato com aquela pessoa de anos atrás! Também vale lembrar que alguns sofrem mudanças incríveis, pois geralmente possuem uma habilidade maior de observar o ego, e não são narcisistas, então elas interpretam feedbacks sociais para se adaptarem melhor aos ambientes e as suas atitudes.

Portanto, se queremos recuperar a habilidade de focar por um longo período de tempo em uma tarefa e aumentar nossa eficiência e produtividade, bem como fazer melhores escolhas, precisamos “adquirir” estes hábitos. E quando isto acontecer, deixar que eles corram no piloto automático, como um hábito!
Imaginar que nós temos controle de nós mesmos é uma ilusão. Podemos desenvolver a habilidade de observar o ego, mas este recurso, além de extremamente difícil de se desenvolver, perde-se fácil. Existe algumas técnicas que DeAngelo discute, posso tentar postar em um outro post xD!
 Então, vamos aproveitar a “correnteza” da nossa natureza! Podemos muito bem instalar hábitos saudáveis e que nos levem ao sucesso! Isto certamente exigirá uma forte observação do ego e força de vontade, mas com o tempo se torna natural e agradável!
Um novo hábito é adquirido da seguinte maneira:




Precisamos de aproximadamente 30 dias para instalar um novo hábito. Vamos supor que estamos querendo começar a fazer exercícios físicos todos os dias.
Os primeiros 10 dias são conhecidos como Defiance, ou, Desafio. Nestes 10 dias seu corpo irá lutar contra você e o seu novo hábito, e, a menos que você decida de forma consciente continuar se exercitando e atravessando a dor e a preguiça, você retornará a estaca zero. É nesta fase que arranjamos desculpas do tipo: “Amanhã eu faço isso. Hoje é melhor eu descansar” ou “hoje estou sem tempo, amanha eu faço”. Amanhã daremos a mesma desculpa, pois 99% do que faremos amanhã já fizemos hoje. Atravessando esta fase, virá a próxima fase, de mais 10 dias, conhecida como Resistência. Seu corpo ainda oferece resistência ao novo hábito, mas pra você já é mais fácil fazer exercícios. Mesmo assim, você deve continuar observando-se e ver as desculpas que você arranja (ego defense) para negar-se a fazer exercícios.
Se você conseguir passar por esta fase, virão os próximos 10 dias, conhecidos como Acclamation. Aqui já fica fácil fazer exercícios e você se aproxima do tipping point, que é quando seu corpo começa a te dar energia para que você se exercite. Neste caso, ficar sem exercício é que é estranho! Com isto um novo hábito foi instalado, e agora apenas deixe-o correr, como um programa que fica rodando no seu computador!
No que isto pode ajudar no time management?

Benjamin Franklin (na minha opinião o maior gênio de todos os tempos) disse:

“Um dia perfeito tem 8 horas de trabalho, 8 horas de diversão e 8 de descanso”
 

Um bom Time Management tenta seguir esta proporção. A idéia agora é utilizar o conceito de Peter Drucker, provavelmente o maior gerente de todos os tempos. Ele dizia: “trabalhe em blocos de 90 minutos ou 120 minutos ou mais”, no seu livro “The Effective Executor”.
Ou seja, o que queremos até então é descobrir uma forma de manter-nos focados, entrar nos estados zone, flow e enjoyment com o que estamos fazendo e eventualmente produzirmos muito mais do que estamos acostumados. Uma forma saudável de se fazer isso surge desta idéia de se trabalhar em blocos, bem como respeitar nosso Ultradian Rhythm.


A figura acima mostra um exemplo deste ritmo. O corpo humano funciona por ciclos. Por exemplo, de manhã, estar acordado, à noite, dormindo (antes era assim!), há também ciclos para secretar hormônios, liberar enzimas, excretar excessos e assim por diante.

Dentre estes ciclos, ou ritmos biológicos, existe um que no inglês se chama ultradian rhythm. É um ciclo que se assemelha a curva azul na imagem acima. Considerando a curva azul e a reta amarela, quando a curva está acima da reta é o período que temos energia. É neste período que podemos nos focar por um longo período e trabalhar em nossas tarefas e adquirir novos hábitos. Mas quando a curva azul fica abaixo da reta, é quando sentimos de repente um estranho “cansaço”. É como se nossas forças de repente fossem embora e temos uma vontade estranha de parar tudo e dormir. Quando sentimos isto o que fazemos? Bebemos café...(lembrando que quando estamos distraídos, não sentimos isto. Geralmente ocorre em tarefas “menos” atraentes como o desenvolvimento de algum trabalho de estudo ou algo manual).
Afim de juntar todos estes conceitos, David DeAngelo chegou no que ele chama da “60-60-30 Solution”. Basicamente, é trabalhar mantendo-se focado (tentando eliminar distrações e interrupções de dentro de você e fora de você, no ambiente) por 2 blocos de 60 minutos. Então sobram os 30 minutos de descanso. Uma forma de dividir isto é trabalhar 50 minutos focado, depois em 10 minutos você faz outra coisa que seja diferente e “relaxante”. Então você volta mais 50 minutos focados, mais 10 descansando. No descanso a idéia não é entrar no YouTube e assistir vídeos, mas, de preferência, algo que envolva movimentar o corpo e descansar a mente.

A importância de se descansar é documentada no livro best-seller “The Power of Full-Engagement” de Tony Schwartz, inclusive este livro fundamenta toda esta teoria de time management exposta aqui. Ele escreve sobre jogadores de tênis e um estudo envolvendo as diferenças entre os melhores jogadores e os medianos. Utilizaram câmeras para observar quais movimentos eram diferentes e descobriram que eram basicamente iguais! Não havia nenhuma diferença que explicasse porque os melhores eram melhores! Até que depois de muito estudo, perceberam uma “mania” estranha entre os melhores jogadores. Durante os pequenos intervalos que ocorrem no jogo, eles tinham o hábito de segurar a raquete com a outra mão que não era utilizada no jogo. Não obstante, eles brincavam com as linhas da raquete, como se estivessem tocando alguma música. Então surgiu a pergunta: “será que estes jogadores, por estarem descansando e pensando em outra coisa diferente, tem um aumento considerável do desempenho?” Você já sabe a resposta! É como quando estamos trabalhando em algo por algum tempo e resolvemos parar um pouco. Damos uma volta, comemos algo, e quando voltamos encontramos algumas respostas que ajudam a completar o trabalho!

A solução 60-60-30 visa respeitar este ciclo do nosso corpo no qual focamos por um período de tempo e então vamos fazer outra coisa diferente para recuperar energia, relaxar. Por isso faz bem dormir depois do almoço (cesta), é uma forma de recuperar energia num período de baixa do ultradian rhythm. Com isto, não matamos a galinha dos ovos de ouro, conforme diz Stephen Covey no seu best-seller. Basta, então, arranjarmos tarefas que tentem respeitar a proporção entre trabalho, diversão e descanso conforme Benjamin disse. Diversão, no caso, são tarefas que usam o cérebro direito, como música, artes e tarefas que envolvam o uso dos 5 sentidos sensoriais. Por curiosidade, é por isto que antigamente era uma forte tradição convidar nossos parentes e amigos para comer em casa, pois esta atividade envolve basicamente todos os sentidos do corpo humano, sendo rica neste sentido! E também por isso que o vinho é uma bebida tão fácil de se apreciar! Pois usa muitos dos nossos sentidos!

Algumas dicas e estratégias para ajudar-nos a aliviar distrações e interrupções seguem a seguir:


  •  Podemos verificar os e-mails apenas 2 vezes por dia. (o leitor agora deve estar suando frio) Com certeza isto não é possível para todos os dias, mas, podemos considerar realmente em verficar apenas 2 vezes o e-mail. Eu tenho visto de manhã e à noite, pronto. Há dias que recebo mais vezes, mas no geral, apenas 2 vezes
  • Diminuir as horas na frente do computador. (no começo isso dói mesmo! Hehehe)
  • Evitar ficar horas assistindo vídeos
  • Desligar alertas. Este é importante. As vezes estava estudando e de repente meu navegador indicava que um e-mail chegou...(existem estudos que calculam que se você estava concentrado em uma tarefa e foi interrompido, você demora 20 minutos para recuperar seu estado de concentração) ou o meu feedreader que a cada 10 minutos me trazia novas mensagens (média de 30 mensagens novas)
  • Diminuir os jogos.
  • Evitar assistir ao noticiário e receber notícias. (!!!)


Quando DeAngelo disse este último tópico também fiquei surpreso. Mas logo ele me convenceu disto. Ele fez uma simples pergunta: “Quantas noticias que lemos são realmente úteis?” Provavelmente, de cada 100, uma é boa, o resto é de médio para ruim (ruim no sentido de que não acrescenta em nada). O que faço agora é entrar no UOL e apenas vejo que notícias foram publicadas. Se alguma me interessar eu a leio (isto raramente ocorre...!). Ou uma forma eficiente de ficar informado é conversando. As pessoas comentam as principais notícias. Lembro-me um dia de que passei pelo quarto e minha mãe disse: “Nossa...que coisa triste a situação do Rio!” então perguntei: “O que aconteceu?” Primeiro ouvi um grito um pouco insano: “COMO O QUE ACONTECEU!? Você não sabe!?” Ela me explicou o que aconteceu...e fiquei feliz por não ter perdido meu tempo ouvindo sobre as chuvas do Rio. Isto não é egoísmo! Mas, se as máscaras de oxigênio caem em um avião, o que você deve fazer? Primeiro coloca a máscara em você! E depois nos outros. É imprudente fazer o contrário. Estou fazendo isto também. Não li sobre as chuvas mas li sobre como o cérebro funciona, o que hoje me vale muito mais! Quero chegar longe na vida e ser útil! Ouvir sobre chuvas, terremotos, tsunamis, assassinatos de entregadores de pizza me tira do meu objetivo de vida. Espero que você leitor se identifique comigo neste ponto xD!

Portanto, a idéia de toda essa discussão é entender o novo mal do século: distração. Entendendo isto e entendendo o mal que isto faz para a nossa psique, podemos pró-ativamente trabalhar para adquirirmos novos hábitos que nos ajudem a focar em nossas tarefas, o que pode com o tempo nos levar aos estados de prazer conforme foi descrito. Observar o ego é uma ferramenta fundamental no processo (assistir suas escolhas que estão sendo feitas) e utilizando-o para focarmos em nosso desenvolvimento podemos experimentar o vôo descrito por Da Vinci. Uma vez lá, sua alma para lá se guiará.

A idéia não é parar de vez com distrações e nunca mais assistir TV, pois isto não é possível! Hehehe! No entanto, podemos considerar em reduzir isto consideravelmente do nosso dia a dia e trocar por tarefas que nos desenvolvam. Estas mudanças não ocorrem facilmente e Tony Schwartz e David DeAngelo dizem para você trabalhar em apenas um novo hábito por mês (eles chamam isto de Ritual. No ritual você se esforça para adquirir o seu novo hábito. De manhã costuma ser melhor!), pois, mais que isso o corpo não agüenta (uma das piores fontes de stress para nós humanos é a mudança. Inclusive esta é uma das causas da depressão. Algumas pessoas em depressão têm um certo senso de certeza sobre elas mesmas, e isto causa um alívio, logo elas precisam do sofrimento da depressão para ter o alívio da certeza de que elas não mudarão. (Dr. Paul Dobransky. The Seventh Sense Seminar).

Uma boa divisão do tempo pode ser 50 minutos de uma dada tarefa, e em 10 minutos você faz algo diferente para relaxar o corpo ou a mente. Eu tenho tentado (ainda não adquiri o hábito! xD!) a cada 50 minutos fazer alongamentos ou ouvir músicas recomendadas pelo Adriano! (Já viciei em OSI xD!) Eu tava indo bem até dar download do jogo Diablo 2 e ficar jogando dia e noite sem parar....quero, em um post futuro, uma simples estratégia para tornar a mudança inevitável. Não só mudança sobre time management, pois ninguém é obrigado a mudar o que não quer, mas mudança no sentido geral mesmo. A intenção é entender a pergunta: “Como conseguir mudar sem ter chance de falhar?”

É fácil nessa vida não produzir nada, mas para mim é gratificante a idéia de ter sido útil. Espero que para quem esteja lendo que as informações tenham sido úteis e ajudem nos projetos de vida que vocês têm!
Provavelmente depois da leitura deste post voltaremos às mesmas atitudes de sempre...e então é preciso escolher mudar...nada fácil! Um desafio gigantesco! E, no fim...não sabemos mesmo se vale a pena “voar” (da Vinci gostou da experiência!) talvez aqui seja importante se você se identifica com a idéia de ter uma missão na vida ou não. Se você está bem com você mesmo, não é minha intenção convencê-lo a mudar! Mas talvez estas idéias mostrem novas formas de enxergar nosso novo mundo!

Obrigado Adriano pelo espaço no seu blog! Espero que tenham gostado xD!!! Valeu!

 .

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Time Management

“Time Management is a misnomer. The challenge is to manage ourselves.”

A frase acima encontra-se no best-seller “Os 7 Hábitos de Pessoas Altamente Eficazes” do escritor Stephen Covey. Em português, seria algo do tipo:

“Gerênciar o tempo é um engano. O desafio mesmo é gerenciar a nós mesmos”

O desafio é fazer você se comportar do jeito que você planeja se comportar tal que isto lhe traga os resultados que você deseja na sua vida. Simples e complexo assim. Podemos, portanto, fazer a seguinte pergunta: “Por que nós não nos comportamos do jeito que queremos?”
Eu, por exemplo, planejo estudar para a prova. Quando chega na hora...enrolo um pouco...vejo os e-mails...converso com o pessoal...tento ver uns videos no YouTube... De repente o tempo passou e agora preciso, em meia hora, estudar o que estudaria em 2 horas, pois a prova já está chegando e não há mais tempo e há outras matérias para estudar e se eu não correr vou pegar recuperação e...!!!

Isto nunca mudou, apesar de saber que deveria mudar! Alguém se identificou!?

Existe atualmente um conceito sério e que tem causado muita discussão nos Estados Unidos, o qual quando tomei consciência fiquei de certa forma um pouco surpreso de enxergar como que funciona nossa vida.

Qual vocês acham que é a prioridade número 1 nas empresas de hoje em dia?

Acertou quem pensou na hipótese: eliminar distrações e interrupções. (ninguém pensou nesta hipótese xD!)
Uma coisa é certa. O mundo de hoje é completamente diferente do que era há 5 ou 6 anos atrás. E não foi preciso criar muita coisa para isso não. Bastou o celular e a internet...e pronto. Nós estamos em um novo mundo, completamente diferente do que era há apenas alguns anos.
Como isto afeta nossas vidas? Quantas vezes por dia você checa o e-mail? Quantas ligações recebe por dia? Quantos vídeos você assiste por dia? E notícias? No meu caso, provavelmente eu passava o dia no gmail, youtube, noticiários, MSN... Trabalhava um pouco e já recebia uma notificação de que havia novos e-mails na caixa de entrada. Parava de fazer meu trabalho e recebia e-mails ou assistia vídeos, MSN e etc.
O problema é, se nós trabalhamos com tantas distrações e interrupções, certamente não alcançaremos qualquer resultado desejado. Se você não consegue ficar focado em uma dada tarefa por um longo período de tempo, você acredita que pode conquistar seus objetivos? Já pensou se um médico fizesse cirurgias parando a cada 5 minutos para receber e-mails e ler mensagens no celular? Um pouco estranho! Já existe comprovação científica de que quem utiliza SmartPhone tem o QI reduzido em média 10 pontos!
É isso que fazemos quando paramos o tempo todo com distrações.

Existe um conceito do budismo conhecido como “Mind Monkey”, que diz um pouco sobre a natureza da mente humana. Veja se você se identifica: primeiro, surge um pequeno pensamento na cabeça, por exemplo, “o que vou fazer hoje?” De repente, surgem na sua mente algumas possibilidades, você mantém uma, por exemplo “sair com os amigos”, de repente surgem outras possibilidades, e você começa a imaginar o que fará. De repente, sem perceber, você já esta vivendo uma história criada dentro da sua cabeça, na qual você é o personagem principal, geralmente. Então, algum tempo depois, você volta ao mundo “real”, acorda dos pensamentos, e se pergunta: “caramba...onde eu estive todo esse tempo o.o!?”
David DeAngelo, empresário norte americano do qual peguei os dados para este post (do seu programa chamado “Man Transformation - Ultimate Time Management and Productivity”) chama isto de “The ButterFly Effect”. Um pequeno pensamento traz outros, que trazem outros, e de repente nós perdemos o controle. Vale lembrar que isto ocorre com emoções também. E é mais fácil ocorrer com emoções. Por exemplo, algo nos desperta irritação. Começamos a pensar em coisas que trazem irritação, como vingar-se de alguém ou de algo que aconteceu. Isto traz mais irritação e seus pensamentos pioram. Em pouco tempo o seu corpo já esta com alguns músculos tensionados sem que você perceba.

Tenho uma pergunta importante agora: você acha que controla sua mente?

Infelizmente, é uma ilusão acreditar que temos controle dela ou que um dia teremos total controle. Nem mesmo um mestre budista que passou a vida treinando consegue (pois se conseguisse ele teria que igualar sua mente a de um gorila nas montanhas). O que podemos fazer, no entanto, é observá-la sempre que possível, e direcionar nossas atitudes para onde queremos chegar, sempre que possível. Eckhart Tolle, escritor do livro “O Poder do Agora”, diz basicamente que podemos entrar em contato com o funcionamento da nossa mente voltando ao momento presente. Uma forma mais completa de entender isto é entendendo como o cérebro funciona. Temos dois hemisférios. O esquerdo é orientado em experiências e dados colhidos ao longo das nossas vidas. Trata-se de um cérebro probabilístico. O direito já é desorganizado e funciona como a “web”, liga informações aleatórias sem lógica alguma e chega a resultados aleatórios. É o hemisfério da criatividade, portanto, possibilístico. O esquerdo cria a noção de passado, o direito cria o futuro. O problema é que geralmente estamos no piloto automático (isto é conhecido como ego defense), e estar em piloto automático significa tanto que o cérebro esquerdo está oferecendo informações arquivadas (quando revivemos o “passado”) quanto o direito está criando histórias aleatórias e provavelmente criativas (“futuro”).
A idéia portanto é estar ciente do funcionamento do cérebro e observar esses padrões em nós mesmos. Se nós podemos observar isto, não nos perdemos mais nos dados do “passado” ou “futuro”, sobra “o presente” (só por curiosidade, às vezes quando voltamos ao presente sentimos uma sensação conhecida no budismo como “Satori”. É como se percebêssemos pela primeira vez que estamos vivos! É difícil descrevê-la pois surge apenas quando começamos a “treinar” a meditação. Com o tempo pode ainda ocorrer, mas é bem raro. A sensação é semelhante a quando bebemos muito e ficamos anestesiados e alegres, com a vantagem de não depender do álcool. Isto é basicamente parar de viver a vida no piloto automático o que é, em minha opinião, um desafio difícil.

Uma vez que começamos a entrar em contato com o funcionamento de nossa mente podemos começar a nos gerenciar melhor.
Ao voltar nossa mente ao momento “presente”, podemos finalmente perceber o novo mal deste novo mundo: nós somos viciados em distrações.
Nós somos interruption junkies, conforme DeAngelo diz. Observe tudo ao seu redor e principalmente celulares e a internet... e comprove por você mesmo. Orkut, Twitter, YouTube, MSN, Noticiários, E-mail, TV, filmes, DVDs, vídeo-games, jogos...
Nós somos viciados em distração. Talvez porque isto alivia a ansiedade e neste novo mundo, ficar livre da ansiedade é um pouco difícil, pois há stress vindo de muitas fontes. Uma vez que o “stress” não vai deixar de existir tão cedo, a idéia agora é escolher cada vez menos nos anestesiarmos com distrações e procurarmos focar no que estamos fazendo. A idéia portanto é começar a evitar fontes de distração e interrupção! Num post futuro descreverei algumas “dicas” dadas por David Deangelo.

Pode surgir uma pergunta portanto: o que ganhamos com isto? O que ganhamos ao evitar distração?
Há uma frase de Leonardo da Vinci, um dos maiores gênios da nossa história, que é:

“Once you have tasted flight, you will forever walk the Earth with your eyes turned skyward, for there you have been, and there you will always long to return”

Em português, algo do tipo:

"Uma vez que você prove o vôo, nunca mais você caminhará sobre a terra sem olhar para os céus, pois você já esteve lá, e para lá sua alma deseja voltar".

Certamente Leonardo não fala sobre vôos e há muitas formas de se interpretar a frase. Mas, o que Leonardo provavelmente quis dizer foi sobre a habilidade de observar o “ego”. Pode soar estranho, mas a única forma que um ser humano tem de se desenvolver é através desta habilidade de “observar sua mente”, pois não há como aprender lições de forma eficiente estando em piloto automático. Com esta habilidade de se observar, ambas as extremidades do cérebro ganham recursos para controle e uso de “dados”.
 Um Idiot Savant apesar de “gênio”, não tem esta habilidade de estar acima dos pensamentos, logo sua genialidade não serve para nada. Eles têm algoritmos para resolução ou arquivamento de dados, mas não conseguem criar novos algoritmos para resolução de novos problemas. (no caso, “dados” são as informações que guardamos na memória)
Leonardo diz sobre a habilidade de estar acima de seus pensamentos. É neste ponto que nós temos acesso as nossas escolhas, portanto é neste ponto que estamos vivos. E...se conseguimos ficar neste ponto por um certo período de tempo, entramos no que Daniel Goleman descreve no seu livro “Inteligência Emocional” como Flow (literalmente, estar em “fluxo”). Existem mais duas propriedades que são ativadas pelo cérebro: Zone e Enjoyment. É bastante difícil explicar estas 3 propriedades, mas provavelmente nós já passamos por isto em algum momento antes de sermos apresentados a TV (peguei pesado!? xD). É quando nós estamos tão concentrados em uma tarefa que começamos a sentir uma “conexão” com o que estamos fazendo. Geralmente ocorre quando estamos fazendo algo que gostamos muito. Sentimos um prazer que é expresso em nosso corpo (zone), nossa mente (flow) e no cérebro emotivo (enjoyment) e não pensamos em mais nada a não ser no que estamos fazendo. Nos tornamos um só com nosso trabalho, e isto se torna uma poderosa fonte de prazer. Existem músicos que quando tocam parecem que estão em outra dimensão. Basicamente este é o estado descrito. Portanto, existe uma troca quando eliminamos distração, que pode ser resumida como:

“Quanto menos distração, mais acesso à vida.”

Dr. Paul fez um experimento curioso relatado no seminário “The Seventh Sense” (o sexto sentido é o da intuição, que é adquirido por pessoas com elevada habilidade de observar o ego que durante anos coletaram experiência de vida e os resultados de suas escolhas. Com isto, o cérebro é capaz de, dada uma situação qualquer, saber qual é a escolha certa a ser feita no ambiente e o que irá acontecer. O sétimo sentido é quando o cérebro humano tem dados suficientes para ler a “alma” de uma pessoa. Uma espécie de “Sherlock Holmes” da mente humana!) que consistia no seguinte: durante uma semana os voluntários não fariam escolha alguma. Alguma mesmo. Nem o que comer eles podiam escolher, ou quando beber e ir ao banheiro. Tudo era “escolhido” por outra pessoa. E no fim da semana, fizeram o contrário, eles eram obrigados a fazer todas as escolhas, difíceis ou não, boas ou não, legais ou não. O resultado é curioso: na primeira semana, os voluntários entraram em depressão e todos relataram que “não se sentiam vivos”. Já no fim da segunda semana, todos estavam felizes, evidentemente responderam que “sentiam-se vivos como nunca antes!”
Se você se sente com pouca vida, é porque está sendo passivo na sua habilidade de fazer escolhas (o processo de fazer escolhas é muito complexo de se entender, Steven Pinker, neurocientista britânico, afirma que faltam séculos para chegarmos lá! Cada escolha que fazemos consome energia, portanto, quanto mais escolhas ao longo do dia, piores serão as escolhas no final do dia!)

Portanto, o que ganhamos distraindo-nos o tempo todo é uma espécie de “Atrofia Psicológica” de acordo com os psicanalistas. A neurociência chama este processo de “Morte Lenta”. Diga-se de passagem, nos últimos livros de neurociência que li, a mensagem é sempre a mesma: saia da zona de conforto. O cérebro precisa ser apresentado a novas informações e novos ambientes sempre, senão passa por esse processo de “atrofia”. Se nós vivermos no piloto automático e não conseguirmos vencer a preguiça que o próprio cérebro cria, não evoluímos. O resultado nós podemos observar em alguns adultos que ainda parecem ser crianças. De fato, é muito possível haver uma criança vivendo dentro de um corpo de adulto.

Se quisermos mudar isto, a idéia é justamente restaurar nossa habilidade de nos observar e controlar nossas escolhas. É com esta atitude que podemos mudar!

Sobra-nos agora a pergunta: como mudar? Veremos, no próximo post xD!

 .

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Novo Membro do Minorconsiderations

Estou aqui especialmente para inaugurar o mais novo membro do µinorconsiderations, o Grande Mestre Will Fuks.

Nos conhecemos há muitos e muitos anos e atualmente fazemos a mesma faculdade. Nossa amizade rendeu uma prolífera rede de idéias e agora ele se juntou a mim neste humilde blog para divulgar um pouco destas idéias.

Aposto que todos que já lêem aqui vão gostar muito de seus textos. Ele será o autor dos próximos dois posts. São posts grandes, mas com idéias acumuladas de um bom tempo de estudo. Contudo, garanto que a leitura será uma agradável surpresa aos que a fizerem. Pois, acredito eu, é uma compilação de idéias inéditas para grande parte das pessoas, cuja qualidade será reconhecida - aposto - com grande sucesso num futuro próximo.

Bem-vindo Will Fuks.
  

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Lucidez Silenciosa

Acordei um dia e estava triste.
Tive um sonho ruim naquela noite. Era difícil distinguir se a tristeza foi plantada em mim por pensamentos e histórias aleatórias que minha mente criou enquanto eu dormia ou se foram as histórias tristes que já tinha vivido enquanto estava acordado.


Acordado e em pé pensava. Tentei trazer a mim toda atenção e presença que pude, para viver meu dia como é Agora. Esquecendo o passado e não se preocupando com o futuro, tentei focar-me exclusivamente nos meu problemas cotidianos. Assim, a cada momento eu criava histórias e gravava em minhas memórias novos capítulos.

Nessa estratégia fiquei até perder-me novamente nos inúmeros pensamentos que, cada vez mais fortes, voltavam. Descobri que o que realmente gostava era me cercar de um mundo criado. Com algumas das verdades óbvias que eu conhecia, com mentirinhas que eu gostava de inventar para parecer mais bonito, com  aquilo que eu achava que fosse verdade mas era mentira.

De acordo com o tempero de meus sonhos, acordados ou não, meu humor andava. Ora calmo, ora triste, ora agitado, ora alegre.

O mundo por fora continua sempre o mesmo. Sempre sábio e real. Racional e misterioso. E eu faço meu interior com ele, mas nunca exato. Interpretado ao sabor de minhas mentes consciente e inconsciente.

Fui envelhecendo e colecionando tudo que podia sentir. Conhecendo as pessoas e admitindo que sou diferente do que há lá fora, percebi que cada um faz a mesma coisa, mas de jeitos completamente diferentes. Criam suas próprias dimensões, pois são pessoas diferentes. Estão em lugares diferentes, possuem genes diferentes, estão sujeitas a forças diferentes, amam outras coisas.

Quando entro em contato com cada uma dessas dimensões vejo como resultado algo que não sou eu nem a pessoa. É criada uma terceira dimensão. E com cada contato a cada momento tudo muda e é diferente.

...sabendo que o universo é o mesmo para todos, que nascemos a cada instante um do outro, não posso distinguir o interior de minha mente do mundo exterior. Não posso distinguir mundos e dimensões. Tudo é único. Não há sonho nem realidade. Mudo a cada instante abraçando a dor e a felicidade como elas são, parte do intocável.

Só espero conseguir deixar minha mente aberta para que você possa olhar por mim.
Para que você me ajude a enxergar além do que vejo.
Para que você me proteja durante a noite.
Para que eu possa sorrir ao seu lado em lucidez silenciosa.


Bom ano novo para todos.

=)