segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Time Management

“Time Management is a misnomer. The challenge is to manage ourselves.”

A frase acima encontra-se no best-seller “Os 7 Hábitos de Pessoas Altamente Eficazes” do escritor Stephen Covey. Em português, seria algo do tipo:

“Gerênciar o tempo é um engano. O desafio mesmo é gerenciar a nós mesmos”

O desafio é fazer você se comportar do jeito que você planeja se comportar tal que isto lhe traga os resultados que você deseja na sua vida. Simples e complexo assim. Podemos, portanto, fazer a seguinte pergunta: “Por que nós não nos comportamos do jeito que queremos?”
Eu, por exemplo, planejo estudar para a prova. Quando chega na hora...enrolo um pouco...vejo os e-mails...converso com o pessoal...tento ver uns videos no YouTube... De repente o tempo passou e agora preciso, em meia hora, estudar o que estudaria em 2 horas, pois a prova já está chegando e não há mais tempo e há outras matérias para estudar e se eu não correr vou pegar recuperação e...!!!

Isto nunca mudou, apesar de saber que deveria mudar! Alguém se identificou!?

Existe atualmente um conceito sério e que tem causado muita discussão nos Estados Unidos, o qual quando tomei consciência fiquei de certa forma um pouco surpreso de enxergar como que funciona nossa vida.

Qual vocês acham que é a prioridade número 1 nas empresas de hoje em dia?

Acertou quem pensou na hipótese: eliminar distrações e interrupções. (ninguém pensou nesta hipótese xD!)
Uma coisa é certa. O mundo de hoje é completamente diferente do que era há 5 ou 6 anos atrás. E não foi preciso criar muita coisa para isso não. Bastou o celular e a internet...e pronto. Nós estamos em um novo mundo, completamente diferente do que era há apenas alguns anos.
Como isto afeta nossas vidas? Quantas vezes por dia você checa o e-mail? Quantas ligações recebe por dia? Quantos vídeos você assiste por dia? E notícias? No meu caso, provavelmente eu passava o dia no gmail, youtube, noticiários, MSN... Trabalhava um pouco e já recebia uma notificação de que havia novos e-mails na caixa de entrada. Parava de fazer meu trabalho e recebia e-mails ou assistia vídeos, MSN e etc.
O problema é, se nós trabalhamos com tantas distrações e interrupções, certamente não alcançaremos qualquer resultado desejado. Se você não consegue ficar focado em uma dada tarefa por um longo período de tempo, você acredita que pode conquistar seus objetivos? Já pensou se um médico fizesse cirurgias parando a cada 5 minutos para receber e-mails e ler mensagens no celular? Um pouco estranho! Já existe comprovação científica de que quem utiliza SmartPhone tem o QI reduzido em média 10 pontos!
É isso que fazemos quando paramos o tempo todo com distrações.

Existe um conceito do budismo conhecido como “Mind Monkey”, que diz um pouco sobre a natureza da mente humana. Veja se você se identifica: primeiro, surge um pequeno pensamento na cabeça, por exemplo, “o que vou fazer hoje?” De repente, surgem na sua mente algumas possibilidades, você mantém uma, por exemplo “sair com os amigos”, de repente surgem outras possibilidades, e você começa a imaginar o que fará. De repente, sem perceber, você já esta vivendo uma história criada dentro da sua cabeça, na qual você é o personagem principal, geralmente. Então, algum tempo depois, você volta ao mundo “real”, acorda dos pensamentos, e se pergunta: “caramba...onde eu estive todo esse tempo o.o!?”
David DeAngelo, empresário norte americano do qual peguei os dados para este post (do seu programa chamado “Man Transformation - Ultimate Time Management and Productivity”) chama isto de “The ButterFly Effect”. Um pequeno pensamento traz outros, que trazem outros, e de repente nós perdemos o controle. Vale lembrar que isto ocorre com emoções também. E é mais fácil ocorrer com emoções. Por exemplo, algo nos desperta irritação. Começamos a pensar em coisas que trazem irritação, como vingar-se de alguém ou de algo que aconteceu. Isto traz mais irritação e seus pensamentos pioram. Em pouco tempo o seu corpo já esta com alguns músculos tensionados sem que você perceba.

Tenho uma pergunta importante agora: você acha que controla sua mente?

Infelizmente, é uma ilusão acreditar que temos controle dela ou que um dia teremos total controle. Nem mesmo um mestre budista que passou a vida treinando consegue (pois se conseguisse ele teria que igualar sua mente a de um gorila nas montanhas). O que podemos fazer, no entanto, é observá-la sempre que possível, e direcionar nossas atitudes para onde queremos chegar, sempre que possível. Eckhart Tolle, escritor do livro “O Poder do Agora”, diz basicamente que podemos entrar em contato com o funcionamento da nossa mente voltando ao momento presente. Uma forma mais completa de entender isto é entendendo como o cérebro funciona. Temos dois hemisférios. O esquerdo é orientado em experiências e dados colhidos ao longo das nossas vidas. Trata-se de um cérebro probabilístico. O direito já é desorganizado e funciona como a “web”, liga informações aleatórias sem lógica alguma e chega a resultados aleatórios. É o hemisfério da criatividade, portanto, possibilístico. O esquerdo cria a noção de passado, o direito cria o futuro. O problema é que geralmente estamos no piloto automático (isto é conhecido como ego defense), e estar em piloto automático significa tanto que o cérebro esquerdo está oferecendo informações arquivadas (quando revivemos o “passado”) quanto o direito está criando histórias aleatórias e provavelmente criativas (“futuro”).
A idéia portanto é estar ciente do funcionamento do cérebro e observar esses padrões em nós mesmos. Se nós podemos observar isto, não nos perdemos mais nos dados do “passado” ou “futuro”, sobra “o presente” (só por curiosidade, às vezes quando voltamos ao presente sentimos uma sensação conhecida no budismo como “Satori”. É como se percebêssemos pela primeira vez que estamos vivos! É difícil descrevê-la pois surge apenas quando começamos a “treinar” a meditação. Com o tempo pode ainda ocorrer, mas é bem raro. A sensação é semelhante a quando bebemos muito e ficamos anestesiados e alegres, com a vantagem de não depender do álcool. Isto é basicamente parar de viver a vida no piloto automático o que é, em minha opinião, um desafio difícil.

Uma vez que começamos a entrar em contato com o funcionamento de nossa mente podemos começar a nos gerenciar melhor.
Ao voltar nossa mente ao momento “presente”, podemos finalmente perceber o novo mal deste novo mundo: nós somos viciados em distrações.
Nós somos interruption junkies, conforme DeAngelo diz. Observe tudo ao seu redor e principalmente celulares e a internet... e comprove por você mesmo. Orkut, Twitter, YouTube, MSN, Noticiários, E-mail, TV, filmes, DVDs, vídeo-games, jogos...
Nós somos viciados em distração. Talvez porque isto alivia a ansiedade e neste novo mundo, ficar livre da ansiedade é um pouco difícil, pois há stress vindo de muitas fontes. Uma vez que o “stress” não vai deixar de existir tão cedo, a idéia agora é escolher cada vez menos nos anestesiarmos com distrações e procurarmos focar no que estamos fazendo. A idéia portanto é começar a evitar fontes de distração e interrupção! Num post futuro descreverei algumas “dicas” dadas por David Deangelo.

Pode surgir uma pergunta portanto: o que ganhamos com isto? O que ganhamos ao evitar distração?
Há uma frase de Leonardo da Vinci, um dos maiores gênios da nossa história, que é:

“Once you have tasted flight, you will forever walk the Earth with your eyes turned skyward, for there you have been, and there you will always long to return”

Em português, algo do tipo:

"Uma vez que você prove o vôo, nunca mais você caminhará sobre a terra sem olhar para os céus, pois você já esteve lá, e para lá sua alma deseja voltar".

Certamente Leonardo não fala sobre vôos e há muitas formas de se interpretar a frase. Mas, o que Leonardo provavelmente quis dizer foi sobre a habilidade de observar o “ego”. Pode soar estranho, mas a única forma que um ser humano tem de se desenvolver é através desta habilidade de “observar sua mente”, pois não há como aprender lições de forma eficiente estando em piloto automático. Com esta habilidade de se observar, ambas as extremidades do cérebro ganham recursos para controle e uso de “dados”.
 Um Idiot Savant apesar de “gênio”, não tem esta habilidade de estar acima dos pensamentos, logo sua genialidade não serve para nada. Eles têm algoritmos para resolução ou arquivamento de dados, mas não conseguem criar novos algoritmos para resolução de novos problemas. (no caso, “dados” são as informações que guardamos na memória)
Leonardo diz sobre a habilidade de estar acima de seus pensamentos. É neste ponto que nós temos acesso as nossas escolhas, portanto é neste ponto que estamos vivos. E...se conseguimos ficar neste ponto por um certo período de tempo, entramos no que Daniel Goleman descreve no seu livro “Inteligência Emocional” como Flow (literalmente, estar em “fluxo”). Existem mais duas propriedades que são ativadas pelo cérebro: Zone e Enjoyment. É bastante difícil explicar estas 3 propriedades, mas provavelmente nós já passamos por isto em algum momento antes de sermos apresentados a TV (peguei pesado!? xD). É quando nós estamos tão concentrados em uma tarefa que começamos a sentir uma “conexão” com o que estamos fazendo. Geralmente ocorre quando estamos fazendo algo que gostamos muito. Sentimos um prazer que é expresso em nosso corpo (zone), nossa mente (flow) e no cérebro emotivo (enjoyment) e não pensamos em mais nada a não ser no que estamos fazendo. Nos tornamos um só com nosso trabalho, e isto se torna uma poderosa fonte de prazer. Existem músicos que quando tocam parecem que estão em outra dimensão. Basicamente este é o estado descrito. Portanto, existe uma troca quando eliminamos distração, que pode ser resumida como:

“Quanto menos distração, mais acesso à vida.”

Dr. Paul fez um experimento curioso relatado no seminário “The Seventh Sense” (o sexto sentido é o da intuição, que é adquirido por pessoas com elevada habilidade de observar o ego que durante anos coletaram experiência de vida e os resultados de suas escolhas. Com isto, o cérebro é capaz de, dada uma situação qualquer, saber qual é a escolha certa a ser feita no ambiente e o que irá acontecer. O sétimo sentido é quando o cérebro humano tem dados suficientes para ler a “alma” de uma pessoa. Uma espécie de “Sherlock Holmes” da mente humana!) que consistia no seguinte: durante uma semana os voluntários não fariam escolha alguma. Alguma mesmo. Nem o que comer eles podiam escolher, ou quando beber e ir ao banheiro. Tudo era “escolhido” por outra pessoa. E no fim da semana, fizeram o contrário, eles eram obrigados a fazer todas as escolhas, difíceis ou não, boas ou não, legais ou não. O resultado é curioso: na primeira semana, os voluntários entraram em depressão e todos relataram que “não se sentiam vivos”. Já no fim da segunda semana, todos estavam felizes, evidentemente responderam que “sentiam-se vivos como nunca antes!”
Se você se sente com pouca vida, é porque está sendo passivo na sua habilidade de fazer escolhas (o processo de fazer escolhas é muito complexo de se entender, Steven Pinker, neurocientista britânico, afirma que faltam séculos para chegarmos lá! Cada escolha que fazemos consome energia, portanto, quanto mais escolhas ao longo do dia, piores serão as escolhas no final do dia!)

Portanto, o que ganhamos distraindo-nos o tempo todo é uma espécie de “Atrofia Psicológica” de acordo com os psicanalistas. A neurociência chama este processo de “Morte Lenta”. Diga-se de passagem, nos últimos livros de neurociência que li, a mensagem é sempre a mesma: saia da zona de conforto. O cérebro precisa ser apresentado a novas informações e novos ambientes sempre, senão passa por esse processo de “atrofia”. Se nós vivermos no piloto automático e não conseguirmos vencer a preguiça que o próprio cérebro cria, não evoluímos. O resultado nós podemos observar em alguns adultos que ainda parecem ser crianças. De fato, é muito possível haver uma criança vivendo dentro de um corpo de adulto.

Se quisermos mudar isto, a idéia é justamente restaurar nossa habilidade de nos observar e controlar nossas escolhas. É com esta atitude que podemos mudar!

Sobra-nos agora a pergunta: como mudar? Veremos, no próximo post xD!

 .

Um comentário:

  1. Para os comentaristas: vide post anterior!

    Parabéns Will,
    Vc está como o James C. Maxwell, juntou numa teoria só o que melhor existia sobre Time Management e ainda melhorou!
    xD

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