sábado, 30 de maio de 2009

A Navalha de Occam

"Se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenomeno, a mais simples é a melhor”." (William Of Ockham)
Sou daqueles que gosta de não levar a vida tão a sério. Ainda que eu não seja o melhor dos exemplos para minha própria filosofia, procuro segui-la sempre que me dou escolha. Falo em "sério" não com o sentido de não fazer pouco caso das coisas, mas no de evitar os exageros. Deixar excentricidades de lado. Explico:

A Navalha de Occam (conceito resumido na citação acima) me parece um princípio básico, lógico e verdadeiro. Me parece tão familiar e confortável que admito-o como axioma, um item de série, daqueles que vem dentro do salgadinho ou nos panfletos que entregam na avenida Paulista. Sou um preguiçoso, e sou muito bom nisso!

Confio nos sentidos, ouço e apenas ouço. Perder tempo decidindo se é ruido ou música é deixar o som ir embora sem atenção suficiente... o ouvido é mais sábio que os pensamentos. Assim como os olhos quando vêem e a pele quando sente.

Não levar as pessoas tão a sério não é deixar de dar-lhes devida importância. É entender que o que há em minha cabeça não é a pessoa, mas apenas um pouquinho de nada dela. Uma imagem filtrada pelos meus pensamentos e minhas experiências. Não levar tão a sério é aceitar isso. Que as pessoas são muito mais do que sei e sinto delas. Deixar de julgá-las, ora, é mais simples e requer menos energia do cérebro.

Ninguém é mau pra si mesmo e todo mundo deve ter um bom motivo pra se convencer disso. De um jeito ou de outro, você só faz para si o que acredita ser correto. Analogamente, isso implica aceitar que o que os outros vêem de mim não sou eu. Então, não há necessidade de importar-se com o julgamento alheio.

Por isso, prefiro não levar a vida tão a sério. Por que dar mais importância para os pensamentos, sendo que o efeito é equivalente? A vida começa, a vivemos, e uma hora ela acaba. A única certeza. A Verdade inegável. É mais simples aceitar, tudo se encaixa perfeitamente assim... Isso esvazia sua vida de significados? Vá fazer, agora, algo que esteja com vontade de fazer e não terá mais de se preocupar com isso. Você só tem o Agora, e nada mais. Por que não?

"You're already naked. You have no reasons to not to follow your heart." (Steve Jobs)

=)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Já estamos no jogo


"- Qual é a 1ª regra de qualquer jogo, Sr. Green?
- O único jeito de ficar mais inteligente é jogando contra um oponente mais inteligente que você.
- Qual é 2ª regra de qualquer jogo?
- Quanto mais sofisticado o jogo, mais sofisticado o inimigo.
- Tudo funciona da mesma forma... Mas, quando esse jogo acaba, Sr. Green?"

"O jogo acaba quando começam a dar as respostas, não deixe brincarem com seus pensamentos, Jake", pensa o Sr. Jake Green consigo mesmo.

"- Sou eu que estou brincando com seus pensamentos, Sr. Green?... Você escutou esta voz por tanto tempo que acredita que ela é você. Acredita que ela é sua melhor amiga."

Jake Green ouvia uma voz interna, que dizia para ele quando fazer as coisas, o que fazer, como fazer. É arriscado dizer, não tenho base científica clara, mas uma profunda intuição me comunica que somos treinados, no decorrer da vida, para ouvir e confiar completamente nessa voz. Ao menos até agora, nunca me vi sem ela. Ela vem a nós como se fossemos nós mesmos. Como se fosse a pura verdade, confiabilíssima.

As necessidades básicas seriam suficientes, se algo - não sei dizer ao certo o que - não nos fizesse querer mais: uma aparente necessidade de se destacar, se isolar, convencer a si próprio e aos outros de que somos especiais. Mais especiais do que parecemos. Um treinamento tão eficiente que é difícil perceber como e quais elementos da sociedade implantam e alimentam isso em nós. (Embora outros sejam obviamente claros!).

"- Qual é o melhor lugar para um oponente se esconder? No último lugar que você procuraria. Ele finge ser seu melhor amigo. Você está protegendo-o, Sr. Green....Mas com o que? Ele está escondido atrás de sua dor, Jake. Você está protegendo-o com sua dor."

A dor: reacão alertadora interna a estímulos nocivos externos, medo de sentir mais dor. Esconder a dor, por essa lógica, é negar a realidade. Criar pretextos, recusar. Aceitar a dor é enxergar, reconhecer causas e amplificar seu mundo.

"- Abrace sua dor... E ganhará o jogo."

Sabemos que há algo errado. Sabemos que há algo que não sabemos. Depois de estudar, procurar e prestar mais atenção a certas fontes de reflexão - como o filme inglês/francês Revolver, de Guy Ritchie, 2005, do qual extraí as falas aqui entre aspas - percebi que fui treinado a ignorar muitas coisas sem questionar. Odiar as dores. Incorporar os traumas. Entender que tudo é injusto.

"- Se você muda as regras que controlam você, você mudará as regras do que pode controlar."

Perceber que essa voz pode não ser eu? Uma voz se expressa por palavras! O que penso não se limita a palavras. A Natureza não as reconhece. Definitivamente, acho ela não sou eu.

Eu nunca tinha pensado em nada disso antes... 


segunda-feira, 11 de maio de 2009

A estatística das interpretações

Um rapaz chega do trabalho, um pouco mais tarde que o normal, em casa. Cansado, joga o casaco num canto e liga o notebook, já aberto, em cima da mesa. O silêncio tingido pelas nuances azuis da tela de LCD, no quarto vazio, dá esperanças, de que no e-mail que tem a checar, chegarem notícias que o salvarão do tédio:

Que seja preenchida com seu nome a vaga na empresa em que recentemente mandou currículo e sempre sonhou fazer parte. De que aquela ex-namorada de que se arrependeu ter terminado finalmente, depois de muito tempo, respondesse a última mensagem deixada. De que chegasse o dia em que aquele amigo da infância que sumiu - e era o único que o entendia - e perdeu todos os contatos, descobrisse por acaso seu endereço eletrônico e entrasse em contato. De que a garota que conheceu no fim de semana, não tenha deletado do celular o e-mail que anotou e desse um sinal de que ele não foi tão desinteressante quanto pareceu... De que um estranho interessante qualquer surgisse do nada e fizesse um pouco de entretenimento no meio do poço de banalidade!

Nenhuma mensagem não lida.

Por quê?!... Vamos googlar: tédio. Estou com sorte. Isso não pode estar acontecendo comigo, há dias não recebo mensagens!


"O tédio é um sentimento humano, um estado de falta de estímulo, ou do presenciamento de uma ação ou estado repetitivo - por exemplo, falta de coisas interessantes para fazer, ouvir, sentir etc."

Sábia Wikipedia! É exatamente isso que eu sinto! Vamos continuar lendo:

"O tédio caracteriza-se por uma sensação de tristeza, vazio, solidão e/ou falta de interatividade quando o espectro de ações que um indivíduo realiza é muito limitada dentro de sua rotina."

E o que será que ela diz sobre indivíduo?

"Em metafísica e estatística, a palavra indivíduo habitualmente descreve qualquer coisa numericamente singular, embora por vezes se refira especificamente a "uma pessoa". Usada em muitos contextos, tanto "Sócrates" como "a Lua" são indivíduos. Em geral, "uva" e "vermelhidão" não são."

Então, isso quer dizer que o tédio é algo inerente a um indivíduo (singular, e obviamente, sozinho) quando este está preso a uma rotina e sente falta de algo que o faça identificar a si próprio, seja por uma ação e/ou uma pessoa? Uhm... me parece plausível! E o que isso tem a ver com estatística? Click.

"[A estatística] Tem por objetivo obter, organizar e analisar dados estatísticos, a fim de descrever e explicá-los, além de determinar possíveis correlações e nexos-causais. Em outras palavras, a estatística procura modelar a aleatoriedade e a incerteza de forma a estimar ou possibilitar a previsão de fenômenos futuros, conforme o caso."

Muito bem. Agora isso, então, quer dizer que meu tédio decorre do fato de eu estar preso a uma rotina e com carência de estímulos? E estar sujeito a isso por ser um indivíduo. E, como indivíduo, o que acontece comigo, simplesmente decorre de eventos correlacionados que podem ser previstos se estudados...? holyman!

Logo, como todos os indivíduos são partes de eventos aleatórios, incertos e passíveis de previsão, tudo que acontece comigo, como indivíduo, é passível de se tornar rotina. Portanto, todos os eventos que ocorrem com indivíduos fazem estes tender ao tédio...

Oh no!   O_o'



...acho melhor voltar e clicar em metafísica ao invés de estatística...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Obamaaa! Me adiciona?

Andando um dia desses pelo Facebook achei uma pessoa interessante: Barack Obama! Pensei em adicioná-lo - pois é um rapaz simpático pra caramba - mas quando dei uma lida no perfil achei graça, reparei em coisas do tipo:

Detailed info
Favorite TV programmes: Sportscenter

Professional information
Function: President Of The United States
Duration: January 2009 until today

Por que o Barack Obama teria um facebook? De primeira impressão é um idéia meio sem sentido, deve ser fake, ele assiste Sportscenter. E por falar em President Of The United States, por simples curiosidade, resolvi ir até o site oficial do cidadão. Surpreendi-me ao ver um link para o mesmo perfil em que eu havia xeretado. De fato não era fake! Mais ainda: passando por lá você encontra links para outros perfis de sites de relacionamento como o Twitter e o MySpace.

Pensando bem, por que eu deveria me surpreender com essas coisas? Sem dúvidas se eu tivesse nascido depois dos Orkuts da vida, isso seria um fato equivalente a dizer "tenho CPF". Sabendo que aquele era deveras o perfil de Barack Obama, meus olhos viram com mais sutileza e proximidade uma pessoa que se eu encontrasse, por acaso, na rua, com certeza, seria traduzido um sentimento de superioridade e engrandecimento (mas não, ele assiste Sportscenter!!!). Sem entrar no mérito de o Sr. Obama ser bom/mau presidente, sim(anti)pático ou não, ele é levemente influente no mundo, sim? Ainda assim, ele é uma pessoa como outra qualquer, e do Novo Mundo, facebook, MySpace, natural oras!

Antes era moda falar que os relacionamentos internéticos distanciava as pessoas. Há quem defendesse o contrário, mas no fim era questão de opinião. Agora experimente clicar no segundo link deste post, tendo lido o que leu até aqui, e diga se você não sentiu algo no mínimo semelhante ao que descrevi...

Poderia ainda, vir um do-contra e dizer: Ele é político! Tudo isso é uma jogada de marketing para divulgar quem ele é! Inteligentíssimo! Se você pensou nisso e tem um perfil em site de relacionamento: tchanâm, você também faz marketing pessoal =) ! A diferença é que se ele mentir sobre quem ele é no facebook todo mundo vai saber. Por mais que alguém diga que isso é demagogia, não dá pra negar que ele realmente acredita que esse é um meio de comunicação viável e funcional.

A vida é um caso particular da internet. Será que num futuro, ter na sua lista de sites favoritos: Facebook, Orkut, Twitter, YouTube, Vida, a vida será apenas mais uma opção? Haha, que utopia... tomara!

...mais uma coisa: John McCain também tem perfil no facebook. Com muito menos informação que o do Obama, e de atividade muito menor (mesmo considerando as atualizações de antes da eleição do ano passado). Será que o fato 'Obama ganhou a eleição, McCain perdeu a eleição' tem alguma relação com isso? É... é otimistamente tentador arriscar... McCain não assiste Sportscenter =)