domingo, 1 de agosto de 2010

Erro de Sintaxe: Epílogo



... ouça com atenção ...

a calma música do silêncio ... e popule sua mente com o que vou te sugerir ...

...

Um homem respira sobre a beira de um penhasco, um precipício infinito, coberto por uma névoa negra.
Sua gravata e cabelo esvoaçam com o vento gelado e úmido que sobe e desce.
Lambe teu corpo o hálito do inferno, excita os nervos à coragem do último passo e, dificultosamente, ele abre os olhos que se encontram mirados num ponto fixo da escuridão da morte:

Quantas vezes essas sombras pairaram sobre esta vida estreita?
Limitavam-me e tanto me preocupavam...
Agora não há mais angústias, mais sombras
Aqui termina o legado do sofrimento.
E está em minha mão o gatilho da inexistência.
Larguei para trás as responsabilidades e gozei da flor simples as cicatrizes.


Para trás: enquanto seca o rastro de sangue deixado no caminho, o vento sopra e grita.
Dançando no ar estão os papéis uma hora importantes, da mala fora da estrada

que em algum ponto, antes de chegar aqui, larguei.
Que a luz dos raios deste céu tempestuoso ilumine tudo!
Enterre, sentimento supremo, enterre bem fundo minha imagem!
O horizonte é infinito como esta escuridão, tudo é infinito para todos os ângulos,
sempre estou em qualquer lugar, sempre estou perdido! Não existe centro
quando se trata de infinito, não existe canto e não fazem diferença dimensões,
Sou sempre negro como o nada e estreito como a vida.


Quando se trata de infinito, o começo e o fim são equivalentes...
Quando se trata de infinito, não há tempo perdido, nem espaço conquistado,
E agora estou a um passo de desaparecer e me tornar infinito,
Unir o nunca com o sempre e deixar de ser, deixar de estar,
Deixar para trás o que ficou, para se perder no interminável passado.


Minha vida não é a estrada que caminhei para chegar até aqui,
E sim a parte de baixo do meu sapato que há do lado de lá desta beira.

...E ele apenas mudou o apoio de seu corpo e deixou-se levar pela Natureza.



continua...